
De joelhos aqui estou diante da cruz recém feita por mim. O desespero invade o meu coração. Transforma tudo que antes, para mim, era luz, em trevas. Uma cruz feita de dois paus amarrados e algumas pedras a sustentá-los será o eterno manto de meu filho, Josias?
Não morreu. Eu sei que ele não morreu. Está aqui, apertando meu coração, quase me levando a um infarto.
Essa rezadeira que não para de falar. Se ao menos trouxesse meu menino de volta.
Josias, por que você fez isso? Você não sabia que mandioca crua envenena a gente? Será melhor dessa forma? Será melhor do que ver você sofrendo?
Meu menino. Por que você me abandonou?
Seca desgraçada! Seca mortífera! Faz com que me sinta encarcerado em meus pensamentos. Que dor! Desperta, Josias!
Fome. Estou com muita fome. Olha lá a mandioca! Que vontade de comê-la. Não! Não seria isso que o menino iria querer. Será que ele está sentindo a minha falta? Sinto saudade, mesmo depois de algum tempo após a sua morte.
Onde está o senhor, São José? Onde estão tuas chuvas? Viu o que você fez com ele? A culpa é sua! Meu Senhor Jesus não iria querer essa desgraça.
Josias! Acorda, menino! Acorda... Por favor.
A mandioca desgraçada...
Eduardo Mulato do Vale

2 de setembro de 2010 às 16:29
Chorei. Senti como se fosse comigo. Muito bem! Passou o que queria passar.Parabens novamente!