twitter


        

       Bato a vista no horizonte. Vejo a ida de Chico. Cara de derrota. Feição já cadavérica. O que será que acontecerá com ele? A seca poderá matá-lo. Que desgraçada. Estou perdendo os meus açudes e plantações, acho até difícil o juazeiro resistir.
        Terra almadiçoada, esquecida por Deus. Entretanto, Ele existe para os ricos. Deve achar que somos animais.
        Chico e sua família estão cada vez mais distantes, confundindo com miragens aguadas provocadas pelo forte calor na terra batida.
        Sinto mais pena de Josias. Espero que o infeliz consiga se salvar, pois a fome e a sede serão constantes, perguntas se alojaram em sua mente e vermes em sua barriga.
        Pergunto-me, às vezes, se era realmente necessário mandar Chico e família embora ao liberar o gado. Ele pelo menos recebeu a passagem de trem para ir aos campos de concentração, mas decidiu vendê-la e comprar um jumentinho com o dinheiro. Atitude que espero que não se arrependa.
        Sumiu por completo, mas sinto o cheiro da sua esperança e da sua fé. Que Deus surja e ilumine a todos dessa família, pois irão precisar.


Eduardo Mulato do Vale

5 comentários:

  1. Interpretação única e singela. Parabéns.

  1. Muito Obrigado. Fiz apenas o necessário para que leitores iguais a você, inteligentes e admiradores de uma cultura especial, que é a brasileira.

  1. Conciso e poético! Seus textos estão maravilhosos! Sinto orgulho, de ti, amigo.

  1. Obrigado, Bia.

  1. Bom blog amigo , eu ja estou seguindo espero voce olhar o meu , um abrazo (:

Postar um comentário